Estórias em Vão [2007]Ficção

Contos de Um Viajante

Dei tantas, tantas voltas ao mundo… Europa, Singapura, Tailân­dia, Américas, quase tudo, quase tudo… Portugal torna-se não num país, mas num destino constante que estamos sempre a adiar. “A VIDA é uma viagem”, muita gente já o disse de certeza, mas li-o a primeira vez nas linhas de um poema de Mário F.O., meu poeta preferido…

“Onde quer que estejamos,

Nós só estamos de passagem,

E então todos viajamos,

Sendo a VIDA uma viagem”

Sábias palavras! Apesar de escrever muito bem, e ser conhecido um pouco por todo o lado pelo que escrevi, a simplicidade de seus poemas foi algo que nunca consegui alcançar. Sim, escrever, o meu passaporte para passar dez meses por ano a viajar e dois meses apenas em Portugal. Tudo começou quando decidi escrever um romance passado na Índia. A minha editora não disse que não, o livro foi um sucesso um pouco por todo o lado (a segunda vez que uso este termo, pobre escritor) e assim comecei a Saga, “As Viagens dum Per­dido”, cada livro, cada lugar.

E em cada lugar, pessoas que conheço, pessoas que esqueço. Via­jando aprendi que Portugal não é melhor nem pior que qualquer ou­tro sítio. Pode ser melhor para mim, mas quem, afinal, sou eu? Será a minha opinião mais importante que a dum Moçambicano, que me diz o seu país ser o melhor? E mesmo eu, apercebi-me que fronteiras, muitas vezes não passam disso mesmo, dum nome, uma linha usada para decidir onde acaba e começa algo que há mil anos não existia. As pessoas são pessoas, antes de serem Portuguesas, Espanholas, ou Finlandesas. Além de óbvias e normais diferenças culturais, haverá sempre boas e más pessoas em todo o lado.

A VIDA é uma viagem, sim senhor, mas porquê viajar sozinho? Estou sempre acompanhado… Amigos de circunstância, gajas fáceis que aparecem em noites loucas, gajas difíceis que aparecem em noi­tes divinais… Contudo, no dia a seguir, no momento em que vou para outro sítio, é como se tudo não tivesse passado de um sonho, geralmente bom, mas por vezes mau, quando foi bom demais… Mas ficar? Porquê ficar, se a beleza de tudo o que se passou era o fim já anunciado?

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