Agora sou só eu outra vez. Já não posso olhar para ti nas trotros, ver o teu cabelo esvoaçar e dizer-te “Observa, observa.” Já não posso acordar a meio da noite, sem saber se estou a dormir ou acordado e agarrar-me a ti a dizer que gosto de ti. Adoro quando isso acontece. Sinto-me completamente nu, e sinto que todo eu sou verdade, e estou coberto de potentes suaves emoções que me puxam mais para ti.

Ontem vinha da Cascata de Hohoe, a pensar que era uma pena não teres visto aquilo, e de repente ocorreu-me que sinto um carinho enorme por ti. Amor, sempre. Paixão, sempre. Mas carinho… sempre o tive, mas nunca tinha pensado muito nisto. Quem não sabe falar nenhuma língua sente as coisas na mesma. Mas quando me vejo vestir um sentimento com uma palavra, quando lhe abotoo os botões todos e lhe aperto o cinto, é como se me estivesse a conhecer de novo.

Gosto de quem és, adoro quem és.

Não é a nossa história que me puxa para ti. Não é um ano, dois, dez ou quinze que me fazem gostar mais de ti. Nunca permitiria que a preguiça e o investimento que temos um no outro fosse a única coisa que nos mantivesse lado a lado. O que me faz gostar mais de ti todos os anos és tu mesma. É ir conhecendote cada vez mais e cada vez mais sentir que a VIDA foi simpática para mim. É ver o teu investimento em mudança e reflexão presente. Sinto sempre que estou a conhecer-te melhor e isso deixa-me tão confuso, por não perceber como é possível, quanto maravilhado.

Agora sou só eu outra vez, mas vou a sorrir.

11h19, 4ª, 23 de Julho de 2014
entre Hohoe e Accra, Gana