Textos

Temporalidade Relativa

Estar nestes comboios lembra-me quando andei por aí, em caminhos italianos, com o Kidus. Foi há quatro meses. Esta sensação não é nova, mas talvez seja nova a sua referência nos meus escritos… acho eu. Falo da temporalidade relativa do viajante. Para mim que, não tendo nada que fazer, acordo sempre por volta do meio dia, acordar de manhã dá-me logo a sensação, ao fim da tarde, de que vivi dois dias, ainda que nos dias em que me levanto tarde acabe por dormir as mesmas oito horas aconselháveis. Agora isto aliado à viagem faz com que um dia pareça quatro ou cinco. O tempo tem manias e diz-nos que são as horas que lhe apetece. Como saberíamos se o tempo não fosse, na realidade, constante? Se os carros andassem mais devagar, ou o ponteiro do relógio, ok. Mas se a nossa capacidade perceptiva e de interpretação estivesse também mais atrasada, a nossa visão da realidade era a mesma, ainda que tivesse passado num ápice, ou num ano. Teorias e incertezas. Mas guardo como certeza esse facto que é o desdobramento da percepção de tempo que se tem quando em viagem. Talvez por vermos mais coisas, por nos ocuparmos de mais coisas, ou pelo nosso organismo fazer por aproveitar mais de cada segundo, em conluio com a nossa mente de ávida criança.

21h40, 6ª, 4 de Fevereiro de 2011
algures entre Génova e Parma, Itália

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