Desalinho [2009]Ficção

Rita [Silêncio]

Banda Sonora

O silêncio vem devagarinho. Passeia, desliza pelas paredes, traz consigo a escuridão que instala no meu interior. Fecha-me os olhos por uns segundos, corta-me o ar por uns minutos. Ouço a calma que sinto, sinto o barulho silencioso como o peso das decisões tomadas. Imagens saltitam pomposamente na minha mente, espalham-se pelos meus pulmões, controlam os meus sentidos. Pestanejo algumas vezes, encosto-me para trás. Pestanejo lentamente, vejo a ausência de luz esporadicamente como o reflexo da falta de sentido que tenho. Encosto-me para trás e penso. Deixo a minha mente viajar para longe, deixo-a magoar-me com o peso de saber o que fiz. Procuro o esquecimento total, mas as imagens, as lágrimas, o vazio… tudo é demasiado esclarecedor e presente para enterrar algures no passado. O arrependimento abraça-me completamente, espalhando os seus tentáculos ao redor do meu coração, não o matando, mas permitindo apenas que bata muito devagar. Apenas o suficiente para não morrer, apenas o suficiente para me sentir completamente sem VIDA. O silêncio vem devagarinho. Com a discrição como característica terrivelmente vincada, vem tão devagarinho que apenas me apercebo da sua presença quando nada mais há para ver. As imagens que quero ver permanecem escondidas atrás das memórias, funciono como um robô, agindo apenas respondendo a estímulos, com a minha mente em conflito com a realidade desta espécie de presente.

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