Às vezes o pessoal refere-se a esta viagem como férias. Um erro compreensível. Mas isto não tem nada a ver com férias. Está claro que não é um trabalho. Mas não são férias. Por acaso, férias foi o que eu tive naqueles quatro dias com o meu irmão. Mas de resto, uma viagem destas não são férias, porque acaba por ser um modo de VIDA, ainda que finito.
E custa, por vezes, claro que custa. Às vezes apetece-me voltar, outras vezes não sei como alguma vez conseguirei fazê-lo. Os sentimentos e expectativas alternam como as hormonas de uma grávida. Mas nunca, nunca me arrependi, e sempre senti que, corra bem ou corra mal, estou sempre exactamente onde preciso de estar. Agora estou em Kuala Lumpur, na Malásia, e nunca estive tão longe de casa. Falta pouco para voltar, três meses, mais coisa, menos coisa, e a estrada à frente é longa. O que tenho em mente afigura-se estafante e um tanto ou quanto impossível. Mas cada dia é um dia, e assim tento levar, não só esta viagem, como o resto da minha VIDA. Os planos têm o potencial de serem belos e uma benção que nos auto-atribuímos, ou de serem devastadores, quando passam por uma constante renovação de esperanças que saem frustradas. Quando todos os dias batalhamos por algo que nunca chega, há algo na nossa VIDA que se perde, e seguimos o nosso rumo de olhos vendados, não sabendo muito bem porque é que estamos ali. A única resposta, por vezes, é porque toda a gente também está. E odeio isso. Odeio que muita gente se possa entregar ao conformismo que corrói.
14h07, 2ª, 4 de Julho de 2011
algures entre Kuala Lumpur e Singapura